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Um retrato original da Bahia no século XIX, num livro cheio de movimento e vozes, sobretudo da gente negra. Em Ganhadores: A Greve Negra de 1857 na Bahia (Companhia das Letras, 2019), o historiador João José Reis reconstitui a história dos negros de ganho, ou ganhadores, protagonistas de uma insólita greve que paralisou o transporte na capital baiana durante vários dias em 1857. Esses trabalhadores escravizados, libertos ou livres, todos africanos ou seus descendentes, se organizavam em grupos de trabalho e percorriam a cidade de cima a baixo fazendo todo tipo de serviço, sobretudo o carrego de pessoas e objetos ou a venda de alimentos e outras mercadorias. Em 1857, porém, a Câmara Municipal baixou uma postura impondo-lhes medidas que combinavam arrocho fiscal e controle policial. Mas os ganhadores, que já viviam dia e noite sob a vigilância e a violência de autoridades, senhores e "cidadãos de bem", não se deixariam abater. O resultado foi a primeira mobilização grevista no Brasil a paralisar todo um setor vital da economia urbana. Baseado em ampla investigação em documentos escritos, impressos e iconográficos, Ganhadores é um livro revelador e essencial para se compreender a intrincada rede de relações sociais, econômicas e culturais que estruturava a sociedade baiana do século XIX, ancorada na instituição da escravidão e caracterizada por um sistema de controle baseado numa economia de favores e domínio paternalista. Se o episódio de resistência aqui narrado trata mais especificamente da Bahia do século XIX, ele tem muito a dizer sobre as relações e opressões sociais e raciais no Brasil de hoje. O livro foi um dos finalistas para o prêmio Jabuti de 2020 na categoria Ciências Humanas.
Referência nos estudos Afro-Atlânticos, e um dos mais importantes historiadores brasileiros, João José Reis é professor do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal da Bahia e foi em diversas ocasiões membro do Comitê Assessor de História do CNPq, do qual é Pesquisador 1A. É autor de diversos livros, incluindo A Morte é uma Festa: Ritos Fúnebres e Revolta Popular no Brasil do Século XIX, (Vencedor do Prêmio Jabuti de Melhor Obra, categoria Ensaio, em 1992, e do Prêmio Haring da American Historical Association, em 1997); Rebelião Escrava no Brasil: a História do Levante dos Malês; Domingos Sodré, um sacerdote africano: escravidão, liberdade e candomblé na Bahia do século XIX e O Alufá Rufino: tráfico, escravidão e liberdade no Atlântico negro, em co-autoria com Flávio Gomes e Marcus Carvalho. Foi professor visitante nas universidades de Michigan (Ann Arbor), Princeton, Harvard, Brandeis, Texas (Austin) e na École des Hautes Études en Sciences Sociales. Quatro de seus livros foram publicados em inglês: Slave Rebellion in Brazil (Johns Hopkins U. Press, 1993; Death is a Festival (University of North Carolina Press, 2003); Divining Slavery and Freedom (Cambridge University Press, 2015); e The Story of Rufino (Oxford University Press, 2020). Foi pesquisador visitante na Universidade de Londres, no Center for Advanced Studies in the Behavioral Sciences (Stanford) e no National Humanities Center (Research Triangle, NC), entre outros. Recebeu a Comenda do Mérito Científico do Ministério da Ciência e Tecnologia nas classes de Comendador (2004) e da Grã Cruz (2010), e é Membro Honorário Estrangeiro Vitalício da American Historical Association. Em 2017 ele recebeu da Academia Brasileira de Letras o prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra.
Isabel Machado is a cultural historian whose work often crosses national and disciplinary boundaries.